Ao celebrarmos a vida que há no planeta Terra, é imprescindível destacar a Mata Atlântica como uma das florestas mais ricas do mundo quando se trata de biodiversidade.
Aliás, os números relacionados ao bioma são impressionantes. Segundo o ICMBIO, existem na Mata Atlântica cerca de 20 mil espécies vegetais, 261 espécies de mamíferos, 200 de répteis, 370 de anfíbios, 350 de peixes e 849 espécies de aves. De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, a floresta abrange cerca de 15% do território nacional, ocupando 17 estados e marcando o lar de 72% dos brasileiros. Entre todos esses cantos do país, o humanize prioriza ações, que envolvem a Mata Atlântica, na Bahia (especialmente Sul e Extremo Sul) e no Rio de Janeiro (principalmente no município de Paraty).
Acreditamos que o caminho para provocar mudanças positivas envolvendo o bioma passa por colaboração e fomento a projetos que alavanquem as cadeias produtivas da sociobiodiversidade – que ganham vida na floresta e proporcionam mais vida aos tantos que dependem dela, direta e indiretamente. Nesse sentido, articulamos diferentes parcerias a fim de atuar de forma sistêmica e somar forças em prol do desenvolvimento sustentável do território, incentivando empreendedorismo e negócios de impacto socioambiental.
Para atuar no território é preciso entender que a conscientização deve começar pelas pessoas que cercam a floresta, já que grande parte dos brasileiros mora em uma área em que ela está e, mesmo assim, não se reconhece parte do bioma. Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, defende a relevância de enxergar a floresta de outra forma. “Cerca de 70% das população brasileira vive em área de Mata Atlântica, floresta que garante nossa qualidade de vida e é essencial para termos água com quantidade e qualidade adequadas”, afirma, acrescentando que é necessário sensibilizar as pessoas para mudar a relação da maioria delas com a floresta.
Marcia Hirota, Diretora executiva da Fundação SOS Mata AtlânticaInfelizmente, muitos ainda desconhecem a importância da Mata Atlântica. Mas, para reverter a situação do bioma – que é o mais devastado do país – é fundamental a sensibilização e participação das pessoas, das empresas e do poder público.
Ainda sobre a importância de enxerga o bioma de outra forma, é importante ter como ponto de partida a ideia de que questões essenciais, como energia elétrica, regulação do clima e abastecimento de água, dependem da Mata Atlântica. Atualmente a sensação de pertencimento (ou a falta dela) é pouco para manter a floresta em pé. Também segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, hoje restam cerca de 12,4% da floresta que já existiu um dia.
Com números tão alarmantes, a união de diferentes tipos de capitais, por exemplo de filantropia e setor privado, é estratégica para estimular novas oportunidades e gerar ganho de escala.
O olhar do humanize para a Mata Atlântica considera diversos caminhos que podem motivar a transformação das pessoas e a conservação do bioma. Ao lado de parceiros, a nossa atuação passa por ações como articulação, formação de redes, assistência técnica e educação para empreendedorismo. No ciclo 2019-2021, apoiamos mais de 60 projetos neste bioma, em especial nos estados Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.
Quando consideramos o cotidiano dos projetos, no sul e extremo sul da Bahia, por exemplo, movimentamos iniciativas que incluem a cadeia produtiva de cacau e a cadeia de pesca artesanal. Já na região de Paraty, a floresta está no foco e a partir dela surgem temas como preservação, turismo sustentável, gestão pública, educação, empreendedorismo e cadeias da sociobiodiversidade.
Em nosso portfólio, destacamos os projetos “Fortalecimento da Área de Proteção Ambiental da Baía de Paraty, Paraty-Mirim e Saco do Mamanguá”, “Cadeias Produtivas Sustentáveis no Extremo Sul da Bahia” e “Uruçu Amarelo na Cabruca – Meliponicultura”.
O primeiro caso é liderado pela Fundação SOS Mata Atlântica e tem o objetivo de enfrentar os desafios do bioma, por exemplo, a fragilidade dos acordos sobre limites territoriais, a ausência de proteção de ecossistemas marinhos, a desorganização do turismo náutico e a vulnerabilidade da coibição de métodos de pesca mais impactantes. O projeto acontece em Paraty, município do Rio de Janeiro que ainda conta com cerca de 78% da cobertura florestal original.
Grande parte da área preservada tem relação com a presença de várias Unidades de conservação (UCs) na região, entre elas a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baia de Paraty, Paraty-mirim e Saco do Mamanguá. No entanto, a região ainda sofre com questões como a efetivação de implementação da APA e a falta de aproveitamento do grande potencial para gestão territorial sustentável. Assim como em grande parte da Mata Atlântica, é preciso monitorar e recuperar a floresta, além de fortalecer a legislação que a protege.
Entre as soluções propostas pelo projeto está a condução de metodologias de planejamento por meio de oficinas e reuniões com interessados (as) e suas representações. As oficinas têm potencial para mobilizar atores e comunidades inseridas na APA, além de definir programas de gestão e incentivar discussões sobre os limites atuais da unidade. O projeto ainda apoia a conservação marinha e atua em ações de mobilização de ordenamento para barcos, beneficiando especialmente pescadores artesanais e atores envolvidos com turismo náutico.
Para implementar o projeto e promover o impacto necessário, a Fundação SOS Mata Atlântica conta com o humanize e outros apoiadores de todo o país. “Nossa missão é inspirar a sociedade na defesa da Mata Atlântica. E, nesse sentido, o trabalho em rede e as parcerias são imprescindíveis, a exemplo do apoio do humanize na nossa causa. Só assim seguiremos fortalecidos e alcançaremos um grande número de pessoas e de instituições para uma transformação positiva”, conclui Marcia Hirota.
Outro projeto que integra o portfólio do humanize e movimenta ações na Mata Atlântica é intitulado “Cadeias Produtivas Sustentáveis no Extremo Sul da Bahia”. Implementado por WRI Brasil e Programa Arboretum, o projeto nasceu para contribuir com o aumento da produção de cacau no extremo sul da Bahia, bem como para estimular a geração de emprego e de renda para produtores rurais e comunidades.
Também há a ideia de oferecer alternativa econômica para recuperação de áreas degradadas, além de trabalhar com estruturação e desenvolvimento da cadeia de sementes e mudas na região. O projeto ainda se envolve com meliponicultura, que é a produção de mel de abelhas sem ferrão – o que proporciona aumento de renda para diversas famílias. A produção de mel foi realizada em concomitância com os produtores de cacau e sementes
Beneficiando diretamente o futuro da Mata Atlântica, o projeto ainda toca no desafio que é a falta de mudas nativas e de qualidade na cadeia produtiva da restauração florestal no Brasil. A solução está em promover acesso a sementes de qualidade e com variabilidade genética. Entre as consequência disso está o impacto em relação ao plantio em larga escala e ao incentivo focado em reflorestamento. O acesso a sementes também amplia sistemas agroflorestais e gera renda para as comunidades locais.
Com foco em mudas nativas da Mata Atlântica, o Programa Arboretum atua em núcleos comunitários no extremo sul da Bahia a fim de capacitar coletores e produtores e ampliar o acesso a novos mercados de mudas e reflorestamento. Também há o compromisso em oferecer assistência técnica e acesso à crédito rural.
Por fim, destacamos um projeto que integra o portfólio do humanize e faz parte da Parceria Estratégica Sul da Bahia. Liderado pelo parceiro Instituto Arapyaú, o “Uruçu Amarelo na Cabruca – Meliponicultura” tem o objetivo de fortalecer vocações econômicas e conservar a biodiversidade por meio da criação de um polo de meliponicultura no sul da Bahia.
Como consequência, a iniciativa gera alternativa de renda complementar para agricultores familiares, especialmente os produtores de cacau e Sistemas Agroflorestais (SAFs). Falando especificamente da Mata Atlântica, o projeto fortalece práticas mais sustentáveis para a preservação do bioma e da espécie Uruçu Amarela. Saiba mais sobre nossa atuação na cadeia do Mel.