O tema de Sementes/ Restauração é prioritário na atuação do humanize. Este protagonismo nasce da ideia de que a ocupação e o desmatamento nos biomas brasileiros vem crescendo, o que resulta em sérios problemas ambientais e reduz a variabilidade genética – colocando em risco espécies florestais nativas. Nesse cenário, cresce a necessidade de incentivar a produção de mudas e sementes para restauração ecológica, reposição florestais e arborização urbana.
Entre os desafios no tema está o pouco preparo de grande parte de profissionais do campo quando se trata do contexto técnico e legal. Isso interfere no desempenho e impede um desenvolvimento melhor de questões como: marcação de matrizes florestais, beneficiamento, secagem, armazenamento e a própria coleta. Também são questões conflituosas a ausência de mudas para fins de restauração de ecossistemas, a escassez de treinamento, a falta de sementes e a baixa tecnologia de sementes em muitos viveiros comerciais.
Diante dos obstáculos, o humanize, ao lado de parceiros, trabalha para fortalecer a rede de coletores, por meio de capacitação e engajamento de novos coletores, e apoia o acesso desses coletores aos mercados de restauração. Nesse sentido, a instituição atingiu resultados mais expressivos quando relacionados à capacitação e assistência técnica, endereçando a oferta de sementes e mudas de qualidade. Alguns resultados alcançados, no triênio 2019-2021, foram: mais de 180 pessoas beneficiadas pelas atividades de assistência técnica realizadas; em torno de 90 pessoas capacitadas; e cerca de 80 novos coletores de semente integrados.
Para continuar alcançando bons resultados e contribuindo com a transformação de pessoas e território, o humanize também trabalha com foco na rearticulação e no resgate de redes comunitárias de sementes. Entendemos que entre as soluções para impulsionar o tema estão questões como: colaborar para a formação, capacitação e assistência de coletores, bem como de gestores de redes de sementes e pequenos produtores rurais; fomentar o mapeamento de árvores-matrizes e a produção de sementes em larga escala (para as principais espécies dos biomas); e apoiar o intercâmbios de conhecimento e bancos de germoplasma (possibilitando a conservação de material genético de árvores-matrizes).
O humanize tem em seu portfólio iniciativas que podem contribuir com a transformação da vida de pessoas que têm sementes como parte de sua renda familiar e como elemento importante do desenvolvimento sustentável do território em que vivem. No ciclo 2019-2021, os programas Uso Sustentável e Empreendedorismo e Negócios de Impacto Socioambiental se destacam como determinantes para o apoio a iniciativas que atuam dentro do tema.
No mesmo período, a atuação dos dois programas, em consonância com os esforços de parceiros presentes no nosso ecossistema, contribuiu com a geração de resultados como: mais de uma centena de novos coletores e cerca de duas centenas de pessoas capacitadas no tema de sementes. Com uma atuação recente na cadeia, o humanize apoia projetos especialmente no Pará, na Bahia e no Rio de Janeiro.
Com foco nos objetivos estratégicos internos, o tema de Sementes toca, principalmente, no objetivo de apoiar a estruturação de redes de produção de semente para alinhamento entre oferta e demanda para restauração florestal. Também há o objetivo de fomentar negócios de impacto social e empreendedorismo inclusivo a fim de fortalecer negócios existentes e apoiar a criação de novos negócios inclusivos.
Como exemplo da nossa atuação no tema, destacamos aqui o Arboretum. O programa é apoiado pelo humanize e é uma iniciativa interinstitucional, ou seja, reúne atores relacionados à pesquisa, à normatização e à extensão. Todos participam de um ciclo que vai desde a coleta de sementes, produção de mudas e plantios para restauração e para uso sustentável de espécies florestais às ações de campo. Em todas as fases há uma estrutura de suporte técnico e logístico, o que gera conservação, restauração e valorização da biodiversidade florestal.
O Arboretum tem o objetivo de ampliar a rede de sementes e promover a capacitação de novos coletores para acesso a mercado, além de estruturar a cadeia do cacau com Sistemas Agroflorestais (SAFs) – promovendo restauração, assistência técnica e acesso a credito rural. No entanto, o programa enfrenta problemas como a indisponibilidade de sementes florestais de qualidade para restauração. Buscando soluções possíveis, o projeto trabalha na ampliação da rede de coletores de sementes e de áreas restauradas com SAF de cacau; o que gera renda para coletores de sementes (agricultores familiares, indígenas e assentados) e pequenos produtores de cacau.
Os resultados disso aparecem em Itamaraju e Teixeira de Freitas, municípios que ficam no Extremo Sul da Bahia e que têm laboratórios de sementes, viveiros e espaços de educação ambiental; trabalhando com mais de 500 espécies de sementes. No fim de 2020, o Arboretum divulgou informações que indicam que o programa conta com 45 coletores regulares e que adquiriu 1,601 kg de sementes no ano.
Já sobre o envolvimento do programa com cacau, há uma implantação inicial de SAFs em andamento por meio de uma parceria com o projeto “One Tree Planted”, o que quer dizer que o cacau pode coexistir com outros cultivos e potencializar oportunidades de coletores e agricultores. A partir do trabalho com Cacau, 44 famílias já foram assistidas com plantios de mudas nativas em 32 hectares. Cada uma delas recebeu mudas de cacau (554 por hectare) e iniciou a implantação dos SAFs em junho de 2021. Também está em andamento uma capacitação com foco em cacau – que será realizada em formato remoto por conta da pandemia de Covid-19.
O Programa Arboretum implanta o componente de sementes, enquanto o WWF-Brasil, que coordena o projeto, implanta o componente de cacau.