Coordenadora dos projetos ‘Aves da Minha Escola’ e ‘Aves da Minha Comunidade’, na Associação Cairuçu
Paraty, RJ
Projeto relacionado: Aves da Minha Escola e Aves da Minha Comunidade
“Só se preserva aquilo que se conhece”. A frase é atribuída a Jacques Costeau, mas caberia muito bem aos idealizadores e realizadores dos projetos da ‘Associação Cairuçu’. Em Paraty, cidade que tem uma biodiversidade abundante e que é considerada hotspot para observação de aves, desde 2015 dezenas de jovens de escolas públicas tem sido conectados com a biodiversidade local desde o ensino fundamental, por meio dos projetos “Aves da minha Escola” e “Aves da minha Comunidade”, implementados pela Associação.
Para Sylvia Junghähnel, coordenadora da ‘Associação Cairuçu’, “as aves são um tesouro vivo muitas vezes
subestimado, mas que possuem um papel fundamental na fauna e flora regional”. Nascida e criada em São Paulo
capital, Sylvia é educadora e mora em Paraty desde 2005, onde atua como pedagoga e guia de turismo especializada
em atrativos naturais. Na ‘Associação Cairuçu’, seu objetivo é utilizar a arte como uma ferramenta de transformação
pessoal dos (as) alunos (as) e integração comunitária com foco na preservação ambiental.
Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Paraty, as iniciativas mencionadas trabalham com o
desenvolvimento de saberes sobre aves, biodiversidade e conservação. Umas das atividades mais lúdicas é a pintura das espécies nas fachadas das escolas, com a finalidade de criar um maior sentimento de pertencimento e protagonismo das crianças. “O projeto se conecta diretamente com o propósito de sensibilizar as crianças, educadores e interessados sobre o grande valor das aves nas comunidades em que vivem. “A observação de aves é um ponto de partida para se conectar com a natureza e sua biodiversidade. É criada uma relação afetiva através de atividades e vivências que despertam uma elação saudável e divertida com as aves livres”, explica.
Nessa direção, Sylvia opina que a multidisciplinaridade e a prática, mesmo que seja lúdica, podem ser fortes aliados
no processo de aprendizado, considerando que atividades extracurriculares nas escolas possuem o potencial de
concretizar o que crianças e adolescentes escutam nas aulas.
Desafios não criam asas
Entre 2019 e 2021, período que, em parte, coincidiu com a pandemia de Covid-19, a Associação atendeu cerca de 88 jovens. Os projetos já lidavam com desafios para chegar a escolas na região rural e costeira de Paraty, onde o acesso é realizado apenas por barco. Com a pandemia, os desafios ficaram ainda mais expostos, mas as iniciativas se mantiveram estáveis e se reinventaram, continuando a partir de material didático online. Já no segundo semestre de 2021, com a reabertura gradual das escolas, criou-se um ‘ABC DAS AVES’, material de apoio pedagógico para a alfabetização com os nomes de aves da Mata Atlântica – o que mostrou o fôlego da ‘Associação Cairuçu’ em continuar educando por meio de suas iniciativas.
Nesse tempo, a despeito dos obstáculos, Sylvia celebra a repercussão do projeto: “os professores percebem na prática
que os alunos ficam motivados com o tema e se tornam mais participativos; hoje em dia, há demanda pelo projeto em várias escolas”.