Instituto humanize

O valor da floresta em pé

Natália Coelho

Coordenadora Técnica-Executiva do Programa Arboretum – Serviço Florestal Brasileiro
Teixeira de Freitas, BA

Projeto relacionado: Cadeias Produtivas Sustentáveis no Extremo Sul da Bahia/Programa Arboretum

Para muitas pessoas a conexão e o cuidado com o meio ambiente é algo intrínseco e natural. Natália Coelho é uma dessas pessoas que foi fisgada pela relação com a natureza desde muito cedo e que busca despertar o mesmo sentimento em mais e mais gente, refletindo em um cuidado contínuo com a nossa biodiversidade.

Natália viveu até os sete anos de idade na zona rural de Minas Gerais, na cidade de Ponte Nova. Sua proximidade com a natureza desde a infância despertou a motivação de estudar e trabalhar com a preservação do meio ambiente. Sua primeira formação foi em Arquitetura e Urbanismo, onde procurou envolver o seu olhar ambiental em todos os trabalhos, e hoje possui especialização em botânica e manejo florestal.

A jornada profissional de Natália é marcada sobretudo pelo trabalho no setor público. Por quase dez anos atuou no ‘Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)’, lugar onde desenvolveu projetos de educação ambiental comunitária. Desde 2012 representa o ‘Serviço Florestal Brasileiro’ em Teixeira de Freitas – BA e junto a essa posição, coordena o ‘Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável – Programa Arboretum’. Devido à sua contribuição ao setor público do Brasil, Natália foi reconhecida como destaque no eixo setorial ‘Meio Ambiente’ do ‘Prêmio Espírito Público 2021’ – iniciativa da ‘Parceria Vamos’.

“Desde sempre acredito no valor da biodiversidade contida no arranjo da floresta tropical biodiversa. Especialmente as florestas históricas e naturais. Nenhum ambiente terrestre guarda tamanha coexistência interespecífica em um único ambiente! Valorizar e aprender com essa floresta em toda a sua complexidade é uma missão”, reflete Natália.

O ‘Arboretum’ fomenta capacitações de diferentes grupos comunitários para a geração de renda por meio da coleta e produção de mudas e sementes. A restauração local é incentivada pelo trabalho das pessoas capacitadas que mantêm um viveiro florestal rico em diversidade de espécies. Com o apoio do Ih e como estratégia focada na recomposição florestal, o programa consolidou sistemas agroflorestais com cacau e pomares de sementes.

“O Arboretum busca contribuir para essa identidade florestal: trazendo as florestas para o lazer, para o cultivo, para a preservação; envolvendo as pessoas com a floresta, na produção de sementes, mudas, plantios; despertando a curiosidade e o interesse pela biodiversidade. A diversidade de espécies se mescla com a diversidade de públicos. Atuamos com assentamentos e grandes proprietários, atuamos com agricultoras familiares e mulheres indígenas, atuamos com médios proprietários e sitiantes”, explica Natália.

Respeito à floresta acima de tudo

A experiência de Natália reflete um modelo de trabalho que prioriza não apenas uma realização pessoal, mas também um benefício comunitário, levando conhecimento técnico para pessoas que dependem da terra e podem ampliar o impacto positivo na sua renda, na comunidade e no desenvolvimento local.

“Acredito no valor da floresta tropical biodiversa, sobretudo pela diversidade de vida habitada, mas também como fonte imensurável para o desenvolvimento e para a sustentabilidade. Cada espécie guarda um nicho ecológico e outro econômico, e ambos devem ser compreendidos e acessados com respeito. O ‘Arboretum’ é esse olhar de cuidado com a floresta. Recebemos e beneficiamos todas as sementes ofertadas pela floresta e cultivamos mudas e plantios associados à produção de conhecimento para cada espécie, buscando compreender seus nichos de valor”, declara Natália.