Instituto humanize

O valor da agroecologia

Ailana Reis e Teresa Santiago

Ailana Reis
Agricultora familiar e Presidente na Associação dos Assentados de Nova Vitória
Ilhéus, BA

Teresa Santiago
Agricultora do Assentamento Dois Riachões
Ibirapitanga, BA

Projetos relacionados: CRA Socioambiental Mata Atlântica e Uruçu na Cabruca

Para pequenos agricultores, nunca foi muito simples ter acesso a crédito e acompanhamento técnico especializado.
Ainda hoje não é simples, mas para a agricultura familiar do sul da Bahia, podemos dizer que tem sido possível graças a iniciativas como o ‘CRA Socioambiental Mata Atlântica’. O projeto, implementado pela ‘Tabôa Fortalecimento Comunitário’, se tornou uma alternativa importante para a transformação de realidades individuais e comunitárias sob a perspectiva agroecológica.

Entre os agricultores (as) atendidos (as) pelo ‘CRA Mata Atlântica’ entre 2019 e 2021, 75,6% são assentados/as
em projetos de reforma agrária e 50% são agroecológicos (produção orgânica). São pessoas como Ailana Reis e Teresa antiago, que direcionaram o crédito recebido para aquisição de equipamentos e insumos adequados à produção de cacau, por exemplo, possibilitando o aumento da produção e produtividade e, por consequência, de sua renda.

Ailana vive no ‘Assentamento Nova Vitória’, em Ilhéus (BA). Com o crédito e acompanhamento técnico, conseguiu
aumentar 162% a produtividade do cacau que produz e 189% a sua renda. Além de agricultora e bióloga, a partir da
parceria com a ‘Tabôa’, Ailana assumiu também o papel de líder comunitária, tornando-se a primeira presidente do
seu Assentamento. Nesse papel, ajudou mais de 17 famílias assentadas a também acessarem os recursos.

Já Teresa mora no ‘Assentamento Dois Riachões’, em Ibirapitanga. Além de agricultora, é técnica em agroecologia
e realiza um mestrado em “Educação do Campo” pela ‘Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)’. Teresa
também se desenvolveu como uma forte liderança feminina na sua comunidade, que se destaca pela criação de uma
mini fábrica de chocolate a partir do crédito acessado. Para a agricultora, o cacau transformou o seu Assentamento a partir da conquista de soberania alimentar e melhoria da qualidade de vida.

Cultivado pelo sistema cabruca, a produção de cacau das agricultoras e de suas comunidades se tornou mais
benéfica para o ecossistema da região, contribuindo para a conservação do solo, nascentes, matas ciliares e da
biodiversidade de forma geral.

A produção de cacau de qualidade conecta no âmbito financeiro, na geração de renda, melhorando a qualidade de vida dos assentados e possibilitando aos mesmos o aumento da sua produtividade

– Ailana Reis

O diferencial do investimento ofertado pela ‘Tabôa’, segundo Ailana, é que “o ‘CRA’ por ser um crédito disponibilizado de forma única, com uma capacidade excelente de pagamento, proporciona aos agricultores (as) condições de sanar os gargalos do cultivo do cacau”. A ‘Tabôa’ também a aproximou de um projeto de complementação de renda para famílias cacaueiras, com foco em meliponicultura, o ‘Uruçu na Cabruca’.

Conforme relatado por Gabriel Chaves, gerente do programa de Desenvolvimento Rural da ‘Tabôa’, o ‘CRA’ possui a
premissa de que o acompanhamento técnico não pode ser desassociado desse tipo de financiamento. Ailana e Teresa
reforçam que as orientações técnicas foram essenciais para realizar um cultivo adequado, melhorar o manejo das áreas produtivas, desenvolver práticas agroecológicas e aplicar o recurso de forma coerente e segura.

Desburocratizar o crédito e dar valor à agroecologia O crédito produtivo coordenado pela ‘Tabôa’ gira em torno
do sentimento de confiança. Para acessar o crédito, os agricultores (as) avaliam junto aos técnicos sua capacidade
de produção e de pagamento, buscando cada vez mais autonomia, organização e planejamento.

“Já estávamos há vários anos sem acessar crédito e, da forma que foi desburocratizado, de parcela única, veio a
conquista da independência financeira”, relata Ailana, que recebeu não um, mas dois votos de confiança e por duas
vezes se viu capaz de alavancar uma produção de forma responsável, com recurso e orientação.

No seu assentamento, Teresa observou que as oportunidades criadas pelo crédito evidenciam o potencial de produções agroecológicas nas “dimensões social, ambiental, econômica, produtiva e organizativa”. Teresa explica, dá régua e compasso: “Agora o desafio é a ampliação do número de agricultores (as) com acesso ao crédito, acompanhamento técnico, agroindústria, beneficiamento e comercialização”, e conclui:

 

Que a agroecologia seja o modelo de produção predominante na implementação de projetos futuros no sul da Bahia