Nascido em Buenos Aires, na Argentina, o turismólogo Mauricio Bianco vive no Rio de Janeiro, cidade em que
atua como Vice-Presidente da ‘Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil)’. Enquanto as histórias de Brasil e Argentina refletem diferenças e semelhanças entre os dois países, a trajetória de Mauricio encontra um denominador comum quando se trata de propósito pessoal e profissional.

“Lidero a ‘CI-Brasil’ por meio da orientação estratégica e programática da organização e isso dá cabo ao meu
propósito pessoal de contribuir para uma sociedade mais justa e equalitária”, revela, acrescentando que a missão da
‘Conservação Internacional’ trata da proteção da natureza para o bem-estar das pessoas. “Isso quer dizer cuidarmos do que é mais essencial para nossa vida no planeta, ou seja, assegurar alimentos e água potável para toda a humanidade, bem como um clima estável e meios de vida que forneçam bem-estar para as pessoas em equilíbrio com a natureza. Nesse sentido, creio que minha contribuição acaba me tornando uma pessoa mais completa e um profissional que sempre busca resultados objetivos para um desenvolvimento mais sustentável”, completa.

Com uma missão tão relevante para o planeta, a ‘CI-Brasil’ foi criada anos atrás, em 1990, e hoje integra uma rede presente em mais de 30 países. A organização ambiental utiliza ciência, políticas e parcerias para conservar ecossistemas críticos que fornecem alimentos e água, sustentam economias e regulam o clima. Nessa direção, a ‘CI-Brasil’ tem se destacado pelos resultados alcançados com seus programas e projetos, bem como pelo amplo leque de parcerias com organizações da sociedade civil locais e regionais, órgãos governamentais, instituições de pesquisa e iniciativa privada. Referência nacional, o trabalho para conservar áreas prioritárias para pessoas e natureza é realizado a partir de projetos desenvolvidos na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e na região de Abrolhos Terra e Mar.

O turismo pode ser um aliado para a conservação e para o desenvolvimento socioeconômico

Um dos projetos de maior destaque da ‘CI-Brasil’ é o ‘Turismo + Sustentável’, que tem o apoio do Instituto humanize e que ganha vida no extremo sul da Bahia. O objetivo principal da iniciativa é desenvolver o turismo sustentável por meio da valorização do empreendedorismo, das cadeias de valor sustentáveis e da integração do trade turístico local.

Mauricio defende que o turismo de natureza está em crescimento exponencial e a região tem atrativos naturais, culturais e históricos únicos, incluindo diversas unidades de conservação, mas que precisam ser mais bem estruturadas para se fortalecerem como meio para geração e distribuição de renda local. “O projeto ‘Turismo + Sustentável’ tem trabalhado para integrar os atores do turismo no Extremo Sul da Bahia, apoiar a implementação de práticas mais sustentáveis e regenerativas no setor, e para fomentar a visitação às unidades de conservação desse território. Dessa forma, as áreas de proteção ambiental serão reconhecidas como excelentes atrativos turísticos e contribuirão com oportunidades de geração de renda para as comunidades do entorno, fortalecendo a importância destas áreas para a conservação dos ecossistemas marinhos e terrestres”, explica ele, completando que para
conseguir implementar e manter, a longo prazo, estas ações no território, será necessário reunir esforços. “Uma aliança está sendo construída colaborativamente, com um modelo de governança definido e um plano de ação que considera os próximos cinco anos e que foi desenvolvido pelos aliados voluntários da ‘Futuri – Aliança pelo Turismo Regenerativo’ [uma aliança formada por pessoas e instituições atuando de forma voluntária e colaborativa para construir um futuro melhor para o território]”, conta.

A construção coletiva gera resultados mais efetivos

Apesar dos esforços focados em colaboração, Mauricio afirma que um dos principais desafios do projeto ‘Turismo +
Sustentável’ se revela na busca constante por engajamento dos atores do turismo dos setores privado, público e da
comunidade. “Como iniciamos essa construção coletiva no auge da pandemia da Covid-19, fizemos um planejamento
para que todo o processo acontecesse remotamente. O cenário se mostrou desafiador diante do desafio de engajar
uma parte do público, mas também se apresentou como uma grande oportunidade para garantir participação de
diversas pessoas que estavam em lugares mais distantes entre si”, confidencia, acrescentando que a experiência
trouxe validações necessárias. “Conseguimos validar que a construção coletiva e participativa em projetos como esse,
apesar de ter grandes desafios, gera resultados muito mais efetivos, pois reflete a realidade da maioria e, principalmente, gera um senso maior de pertencimento daqueles que estão fazendo parte da cocriação.”

Para Mauricio, a implementação do ‘Turismo + Sustentável’ até aqui posiciona a mentoria e a aplicação do investimento semente – ações que envolveram nove empreendedores do turismo local escolhidos no processo – como elementos marcantes de uma das etapas do projeto. “Acompanhamos a evolução desses negócios durante os oito meses de mentoria e, ao final, pudemos ver resultados muito relevantes para todos os empreendimentos, o que também refletiu nas comunidades em que os empreendimentos estão. Além disso, a integração construída entre empreendedores possibilitou muita troca de experiências, o que se juntou ao conhecimento adquirido durante as mentorias”, garante, complementando que essa troca fez nascer outras possibilidades.

Surgiram novas oportunidades de negócio entre eles com foco  para o desenvolvimento do turismo + sustentável, ou seja, um turismo que fortalece e respeita a natureza e as pessoas do território. Isso só prova que ao dar oportunidades reais para empreendedores que têm potencial e interesse em se desenvolver, contribuímos para gerar benefícios múltiplos para as comunidades onde atuamos