Instituto humanize

Caminhos do Cerrado

Mauricio de Almeida Voivodic

Diretor Executivo do WWF-Brasil
São José dos Campos, SP

Projeto relacionado: Sertões

O uso sustentável de recursos naturais e a valorização de cadeias de valor da sociobiodiversidade são um norte para
muitas ações que visam a transformação da sociedade. A partir de um olhar de maior integração entre pessoas e meio ambiente, tais caminhos apontam para um desenvolvimento mais justo e coerente com a urgência de incluir a agenda climática no nosso dia a dia. Nesse sentido, Mauricio Voivodic escolheu este caminho não apenas para a sua vida pessoal, mas também para guiar o seu trabalho – tudo isso com a intenção de promover um impacto coletivo e a longo prazo.

Mauricio saiu da cidade de São Paulo, onde nasceu e viveu até os 17 anos, para morar e estudar Engenharia Florestal
em Piracicaba(SP). Na mesma cidade, já engenheiro, atuou por 17 anos no ‘Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)’, onde exerceu cargos de liderança como coordenador, gerente e diretor. Em 2017, agora na cidade de São José dos Campos(SP), sua trajetória cruzou com a ‘WWF-Brasil’, onde segue até hoje movido pelo desejo pessoal de contribuição para um mundo melhor para essa e as próximas gerações, por meio do seu conhecimento e trabalho.

“Atualmente, considerando a emergência climática e o ritmo de perda de ecossistemas de biodiversidade, a minha motivação pessoal vem justamente de poder estar na linha de frente da mudança tão necessária que é a relação entre sociedade e natureza. Essa urgência e o inconformismo com a situação atual são os principais combustíveis para a minha vontade de fazer cada vez mais e não me acomodar, pelo menos até que a gente consiga mudar a trajetória de degradação do planeta”, revela Mauricio.

A parceria entre ‘WWF’ e humanize é de longa data – teve início em 2011, em ações individuais do filantropo, o que
aconteceu antes mesmo da fundação do instituto. A atuação se perpetuou e esteve presente durante todo o primeiro
ciclo de atuação do Ih, e o projeto ‘Sertões’ é o principal exemplo dessa parceria. A iniciativa potencializa o trabalho
de populações tradicionais junto à valorização das cadeias da sociobiodiversidade e fomenta práticas sustentáveis para a manutenção do Cerrado, em especial no Distrito Federal, Goiás e no Mosaico Sertão Veredas Peruaçu.

“Entendemos que o fortalecimento da economia da sociobiodiversidade é um instrumento efetivo para mitigar o agravamento da situação climática e da perda da biodiversidade, além dos problemas com a insegurança alimentar e as desigualdades socioeconômicas. Trabalhamos com o intuito de promover o uso sustentável da biodiversidade em conexão com povos e comunidades tradicionais, possibilitando condições para que esses atores sejam protagonistas e agentes da verdadeira transformação e criando valoração dos recursos naturais e da cultura tradicional que vai além do crescimento econômico”, sinaliza Mauricio.

Soma de iniciativas para um Cerrado em pé

Assim como ocorreu com tantas iniciativas no terceiro setor, a pandemia provocada pelo coronavírus provocou mudanças rápidas de caminho para que o impacto positivo no território e na vida das pessoas beneficiárias não fosse alterado. No caso do projeto ‘Sertões’, que busca novos mercados para produtos do Cerrado com a finalidade de gerar renda e qualidade de vida, o diálogo com o setor privado foi essencial nesse contexto.

“O ‘WWF-Brasil’ fortaleceu o seu trabalho de engajamento corporativo e buscou apoiar as organizações comunitárias
parceiras na abertura de novos mercados, sobretudo no contexto de comercialização com o setor privado, além do
desenvolvimento de canais de e-commerce próprio das organizações e parcerias com grandes redes de comércio
eletrônico. Esse esforço trouxe excelentes resultados e colaborou na minimização dos impactos da redução
da comercialização via mercados institucionais como o ‘Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)’ e
‘Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)’, uma vez que as escolas ficaram fechadas durante boa parte da pandemia e diminuíram-se as compras via esses programas”, conta Mauricio.

Diante de grandes desafios em territórios complexos, a implementação de soluções exigiu uma visão mais ampla
de colaboração entre múltiplos atores. Nesse sentido, a junção de esforços com iniciativas locais foi um diferencial
para que resultados da parceria entre humanize e ‘WWF’ se potencializassem.

 

O projeto foi implementado de maneira suplementar e em consonância com outros programas e projetos do ‘WWF-Brasil’ no Cerrado, como no caso da ‘Rede WWF Internacional’, ‘WWF França’, ‘Projeto CEPF Cerrado Mosaico’, ‘Fundação Carrefour’ e ‘Banco de desenvolvimento KFW’, além de projetos de outras organizações parceiras. Essa foi uma importante lição aprendida e que contribuiu para um maior ganho de escala e a promoção de impactos positivos, como a geração de renda aliada com o uso sustentável dos recursos naturais e a respectiva conservação do Cerrado