CEO da Latimpacto
Bogotá, Colômbia
Projeto relacionado: Latimpacto
Apaixonada pela América Latina e convencida do valor das alianças para gerar impacto, Carolina é advogada pela
‘Universidad del Rosario’, da Colômbia, e possui um ‘Latin Legum Magister’ em direito empresarial internacional pela ‘Bond University’, da Austrália. Ela tem mais de 16 anos de experiência nas áreas de investimento social privado e filantropia, e é reconhecida por seu compromisso em gerar transformações estratégicas.
Hoje, Carolina é diretora executiva da ‘Latimpacto’, rede da qual o humanize é membro fundador. O processo de
diligência, focado na estruturação da ‘Latimpacto’, começou em 2018, enquanto a criação oficial da rede aconteceu
em abril de 2020. “Nesses dois anos, contamos com a participação de lideranças de toda a América Latina, e
destaco a participação do Instituto humanize que, desde o início, desempenha um papel fundamental na nossa rede e
que tem sua diretora executiva, Georgia Pessoa, como parte do nosso Conselho”, afirma, acrescentando que a instituição contribui, entre outras questões, com a articulação no Brasil. “O humanize acreditou, desde o princípio, na necessidade de trabalhar em conjunto para provocar uma mudança sistêmica na região. No início, a nossa proposta demorou a ser compreendida no Brasil, mas a participação da instituição nos permitiu ampliar relações e trabalhar por resultados. Hoje, a rede é reconhecida no país e mais integrantes estão ativos e desejando a mudança que o humanize desejava e acreditava desde o início.”
Eixos de atuação
A ‘Latimpacto’ nasceu focada em gerar mais impacto e, mesmo recente, segue empenhada a mobilizar capital de
forma estratégica. “Para isso, reunimos cerca de 160 atores de impacto que investem na América Latina – o que inclui doadores, investidores de impacto e corporações”, conta.
A ‘Latimpacto’ pertence a uma rede global e multisetorial formada por ‘EVPA (European Venture Philanthropy
Association)’, ‘AVPN (Rede de filantropia de risco Asiático)’, ‘IVPC (International Venture Philanthropy center)’ e ‘AVPA (African Venture Philanthropy Association)’, mas Carolina enfatiza que há um foco, de ações e de geração de
conhecimento, na América Latina e no Caribe. “Temos convicção de que é possível gerar mais impacto na região”, afirma, complementando que a rede conta com investidores comprometidos a alcançar soluções. “Há uma união de esforços que resulta na maximização de impacto, por meio de conhecimento inovador e de orquestração de alianças”, explica.
Essa mobilização é ainda mais potente por conta da atuação estratégica, que ganha forma a partir de três eixos: financiamento customizado, apoio não financeiro e mensuração de impacto. Nessa direção, a rede fortalece o seu carácter associativo, que aponta para sete tipos possíveis de provedores de capital financeiro, humano e intelectual: institutos e fundações, empresas, mercado financeiro, poder público, family offices, consultorias e universidades.
A relação da Latimpacto com o Brasil
Segundo Carolina, a participação do Brasil, e de todos os atores que investem em projetos de impacto no país, é de
grande relevância. “O Brasil tem o ecossistema de impacto mais desenvolvido de toda a América Latina, e isso nos
permite levar os aprendizados do país para os outros em que atuamos, além de potencializar ainda mais as conexões
estratégicas que podem mobilizar mais capital em direção ao próprio Brasil. É um exercício de mão dupla, em que o Brasil recebe e compartilha”, defende, acrescentando que, por mais que tenha um caminho mais desenhado, o Brasil enfrenta vários desafios no recorte de impacto. “Esses desafios não são estranhos aos obstáculos que países vizinhos, da América Latina e do Caribe, enfrentam. Por isso, todos podem se beneficiar com diálogo e colaboração”, opina.
Para Carolina, os investimentos de impacto no Brasil têm, no início de sua linha histórica, um relacionamento com a
filantropia. “Só mais recentemente ganhou força um cenário em que os investimentos começaram a envolver uma
diversidade maior de atores e de formatos, tanto voltados para o mercado quanto para o setor de negócios de impacto socioambiental”, diz, complementando que a visão da ‘Latimpacto’ é de que o Brasil puxa tendências na América Latina e de que o mercado de investimento para impacto está aquecido no país. Entretanto, a rede enxerga que as réguas que separam os novos conceitos, que circundam o entendimento sobre investimento de impacto, não estão bem definidas no país.
A CEO da ‘Latimpacto’ cita que, segundo o estudo ‘Investimento Social e Impacto no Brasil’, que foi produzido pela rede, há muita flutuação de termos como negócios sociais, negócios de impacto e investimentos ESG [sigla em inglês para ‘environmental, social and governance’ – meio ambiente, social e governança, em português]. Por outro lado, o estudo revela que, ainda que alguns conceitos não estejam consolidados na visão de institutos e fundações brasileiras (e latino-americanas), esses atores são capazes de desenvolver um trabalho que absorve algumas das questões centrais do tema, por exemplo, venture philanthropy [uma abordagem de investimento que prioriza o impacto social e ambiental sobre o retorno financeiro].
O Brasil é ator-chave
Mesmo animada com as diferentes possibilidade da rede atuar no Brasil, Carolina não fecha os olhos para a situação
do país. “A crise econômica e política dos últimos anos fez quase triplicar o número de brasileiros que vivem na pobreza, segundo a ‘FGV’. E mais de 70% das pessoas pobres do Brasil são negras, dos quais dois terços são mulheres, segundo o ‘IBGE’. Ainda tem o fato de que o Brasil ocupa a 84ª posição entre os 189 países avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano, de acordo com o ‘PNUD’. Tudo isso aponta para um ambiente preocupante para quem trabalha no Brasil, e essa apreensão também existe quando olhamos para questões como o índice de desmatamento na Amazônia. A floresta é compartilhada com outros países latino-americanos, então essa é uma preocupação que nos une”, afirma, acrescentando que, mesmo com as preocupações, o cenário de impacto socioambiental nunca esteve tão vibrante e promissor.