Presidente do Conselho da Fundação SOS Mata Atlântica
São Paulo, SP
Projeto relacionado: Área de Proteção Ambiental (APA) da Baía de Paraty, Paraty-mirim e Saco do Mamanguá
Marcia Hirota é nativa da Mata Atlântica: nasceu em Mogi das Cruzes (SP), cidade vizinha às Serras do Itapeti e Serra do Mar, cortada pelo rio Tietê. Sua relação afetiva com o bioma foi construída desde e se deu a partir dos sobrevoos, realizados com o pai, pela floresta.
“Conheço bem este lugar, e o conheço desde criança. O meu pai pilotava monomotores e eu passava muitos fins
de semana na companhia dele enquanto ele voava por vários trechos do bioma. A paisagem vista do céu é algo
extraordinário e esse exercício ajudou muito, anos mais tarde, entre 1994 e 2021, quando coordenei o ‘Atlas da Mata
Atlântica’, ferramenta para monitorar o desmatamento, desenvolvida por ‘Fundação SOS Mata Atlântica’ e ‘Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)’”, conta Marcia.
Marcia é ambientalista, especialista em banco de dados e mestre em administração de sistema de informação.
Foi coordenadora e diretora de projetos e de gestão do conhecimento por trinta e um anos e em mais nove exerceu
a função de diretora executiva da ‘Fundação SOS Mata Atlântica’, ONG criada em 1986 com a missão de defender
o bioma junto à sociedade. Em 2022, foi convidada para assumir a presidência do Conselho Administrativo da
Fundação.
“Dos meus olhos sobre o horizonte, me tornei ambientalista, ampliando a visão com os olhos dos satélites. No trabalho, pude observar, indignada e triste, muitas áreas desmatadas, queimadas e devastadas. O conhecimento só aumentou a minha vontade de lutar cada vez mais em defesa da Mata Atlântica. Tive oportunidade de admirar muitas florestas preservadas e protegidas. Também conhecer muitas pessoas, comunidades, organizações, iniciativas e suas histórias incríveis”, revela a ambientalista.
Paraty: território fundamental para a proteção do bioma
Em parceria com o humanize, a Fundação apoiou a APA Marinha Municipal de Paraty, Paraty-mirim e Saco do Mamanguá. O projeto se voltou para a retomada do processo de implementação municipal dessas unidades de
conservação (UCs) em Paraty, patrimônio histórico nacional que abrange, em sua composição florestal, uma boa parte de Mata Atlântica original e conservada. A cidade está inserida em um valioso corredor para a biodiversidade na região da Serra do Mar, Serra da Bocaina e Baía da Ilha Grande (RJ). O funcionamento efetivo das UCs em Paraty garante a proteção de uma grande diversidade de ecossistemas, incluindo áreas marinhas, o que é fundamental para
reprodução e alimentação de várias espécies.
Apesar de ter sido criada pela Lei municipal no 685 de 1984, o gerenciamento da APA só foi retomado em 2018. A
parceria entre humanize e ‘Fundação SOS Mata Atlântica’ na região se aprofundou para o apoio à implementação
da unidade de conservação por meio de instrumentos básicos de gestão, como o reforço à atuação do Conselho
Gestor. Essa medida foi importante como contribuição, por exemplo, ao estabelecimento de normas e monitoramento do turismo na região; enfrentamento do despejo de resíduos sólidos; desenvolvimento de um plano de manejo; criação de medidas de gestão da pesca artesanal – atividade econômica de destaque local; realização de ações de comunicação e mobilização; e educação ambiental de jovens, pescadores (as), barqueiros (as) e turistas.
O cuidado ao que é único e nosso
O trabalho da ‘Fundação SOS Mata Atlântica’, como o realizado em Paraty, marca o papel do terceiro setor em
agir de imediato e de forma preventiva frente às ameaças sofridas pelos biomas brasileiros. Marcia Hirota é uma das
agentes ativas na proteção da Mata Atlântica que, aliada aos esforços de diversos atores, atua em prol de chamar atenção para a necessidade do estreitamento sustentável da relação sociedade-natureza.