Vice-presidente da Rare Brasil
São Paulo, SP
Projeto relacionado: Pesca para Sempre
A Constituição Federal de 1988 estabelece no Art. 225 que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade e o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Para Monique Galvão,
vice-presidente da ‘Rare Brasil’, este dever é de toda a sociedade: “Somos parte de um ecossistema que inclui
comunidade, governo, universidade e outras organizações da sociedade civil. A atuação em rede é fundamental para
gerar resultados e obter o impacto esperado na gestão de qualquer recurso natural, incluindo a gestão pesqueira”,
afirma Monique.
Para defender e preservar é preciso, antes de tudo, conhecer. No entanto, não é fácil encontrar estatísticas
oficiais e atualizadas sobre a cadeia da pesca no Brasil, principalmente no que tange à produção artesanal. Essa
ausência de conhecimento colabora para a falta de políticas públicas mais assertivas para a gestão da pesca no país.
Diante desta realidade, Monique e sua equipe buscam entender, na ponta, a situação da cadeia em um dos
principais Estados produtores do país, o Pará.
Monique nasceu em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia. Estudou administração, sistemas de informação,
gestão de projetos e possui um MBA em Negócios Socioambientais, pelo ‘Instituto de Pesquisas Ecológicas
(IPÊ)’. Ao dar os primeiros passos em sua trajetória de impacto, ela realizou trabalho voluntário na Tanzânia, o
que foi um marco em sua vida. No país, Monique gerenciou projetos com foco em tecnologia da informação para
pequenos (as) produtores (as).
“Depois de dois anos fora do Brasil, voltei para a consultoria onde trabalhava e passei a liderar a área de impacto
social no Brasil. Tive a oportunidade de executar projetos para organizações multilaterais como o ‘PNUD’ e para
organizações do terceiro setor como a Visão Mundial, ‘Instituto Ayrton Senna’ e ‘The Nature Conservancy (TNC)’.
Eu sou movida por desafios e pela agenda de impacto”, relata Monique.
Em junho de 2018, a administradora passou a fazer parte da ‘Rare Brasil’, instituição cuja abordagem de transformação é voltada para a mudança de comportamento por meio da conservação. Em parceria com o humanize, a ‘Rare’ implementa o projeto ‘Pesca para Sempre’. A iniciativa, com foco nas Reservas Extrativistas do estado do Pará, visa uma gestão colaborativa e local da pesca com ferramentas sustentáveis, formação de lideranças e geração de renda para comunidades pesqueiras. No primeiro ciclo de atuação do Ih, o projeto foi responsável pela capacitação em boas práticas, gestão financeira e empreendedorismo de pescadores (as) artesanais, bem como a melhoria do acesso a mercado; e desenvolvimento institucional de associações e cooperativas.
Atuação em rede: solução em tempos de crise
Em 2020, com o advento da pandemia da Covid-19, a ‘Rare’ também precisou traçar soluções para que as
comunidades beneficiárias não deixassem de ser atendidas. “Para lidar com esse contexto, mudamos nosso modelo
operacional para ter coordenadores locais, mais próximos das associações locais e do ‘Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio)’. A proximidade com as comunidades nos permitiu facilitar a captação de
recursos não financeiros, como cestas básicas, para distribuir por meio das associações locais às famílias de pescadores que não conseguiam vender o pescado. Reinventamos o jeito de comunicar com as lideranças, fornecemos internet para as associações que se tornaram um hub de conectividade para as comunidades”, conta Monique.
O ‘Pesca para Sempre’ prioriza o envolvimento comunitário no processo de implementação das atividades, em
especial no reconhecimento dos principais desafios para a sustentabilidade ambiental da Amazônia. Esse olhar somado à atuação de diversos atores competentes é peça-chave para manutenção do impacto social positivo a longo prazo, e para a consolidação de uma gestão justa da pesca artesanal no país.