Servidora Pública & Fundadora e CEO do Instituto Filha do Sol
Barra Grande, PI
Projeto relacionado: Columbia Women’s Leadership Network
Hoje morando em Barra Grande – que faz parte do município de Cajueiro da Praia, no Estado do Piauí – Flávia se mudou para a região quando ela e as amigas Rhavena e Rebeca decidiram criar, em 2021, a ‘Filha do Sol’, uma Aceleradora de Adaptação Climática. A decisão coincidiu com os movimentos destemidos que a piauiense, que tem mais de 12 anos de prática em iniciativas governamentais e acadêmicas, realizou nos últimos anos.
Flávia já viveu diversas experiências como líder. Arquiteta urbanista e especialista em sustentabilidade, ela conta com os títulos de mestre e doutora em Urbanismo, e tem um currículo recheado – o que inclui um capítulo bem-sucedido como coordenadora da Agenda 2030 (ONU) na Prefeitura Municipal de Teresina.
Em 2018, ela recebeu uma bolsa para integrar a primeira turma do ‘Columbia Women’s Leadership Network in Brazil’, programa oferecido pelo ‘Columbia Global Centers’ com o apoio de ‘Fundação Lemann’, Instituto humanize e ‘República.org’. No período em que Flávia participou da iniciativa, o programa selecionava anualmente grupos de até 20 gestoras públicas (hoje, a seleção abarca mulheres dos três setores – público, privado e terceiro setor) com o objetivo de desenvolver uma crescente rede de mulheres que contribuirão para a transformação do serviço público no Brasil. Desde então, as selecionadas participam de oficinas no Brasil e no campus da ‘Universidade de Columbia’, na cidade de Nova York.
Já em 2020, Flávia ganhou bolsa de estudos na ‘Obama Foundation’, que foi criada em 2018 pelo ex-presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, e pela ex-primeira-dama, Michelle Obama. O nome da brasileira entre 11 selecionados do mundo todo marcou uma presença até então inédita de uma representante da região Nordeste no programa ‘Obama Foundation Scholars’.
Não mais sozinhas; juntas em posições de liderança
Ao refletir sobre suas diversas experiências, Flávia destaca que ser servidor (a) público (a) é um desafio por diversas razões, e que ser uma mulher no serviço público configura um desafio a mais. “No Brasil, ser uma líder no campo de gestão pública é, muitas vezes, uma tarefa solitária. Geralmente as mulheres chegam em posições de liderança e ficam isoladas, sempre rodeadas por homens”, lamenta, completando que o cenário desencoraja as mulheres, mas que há iniciativas que quebram essa percepção de isolamento e fortalecem carreiras femininas. “A importância e a inovação da rede ‘Columbia’ de mulheres líderes no Brasil foi nos conectar e aumentar a nossa potência. O programa nos manteve otimistas e com coragem para seguir”, declara Flávia, acrescentando que os aprendizados foram além da sala de aula.
“(No programa) foi nos ensinado que a mulher líder no serviço público não sobe sozinha, ela leva outras mulheres junto. No caso do Brasil, não existirá transformação real se a nossa representação em posição de poder não refletir a composição da nossa sociedade. Como nós temos uma sociedade que tem mais de 50% da população formada por mulheres, nós também temos que ter essa equidade nos espaços de poder”, afirma.
Flávia defende que iniciativas como o ‘Columbia Women’s Leadership’ podem mudar a história de várias mulheres, contribuindo com mais equidade. “Encorajo mulheres a continuarem buscando oportunidades para expandir horizontes. Às vezes faltam referências, mas fazer parte de redes, como a rede de mulheres da ‘Columbia’, pode ser um ato de entender o seu poder e a sua força”, opina, completando que existe uma Flávia antes e outra depois da passagem pelo programa, mas que ela é apenas uma amostra de um todo. “O programa me abriu os olhos para o que é possível conquistar, mas sou apenas um exemplo. Existem muitos outros que mostram que quando investimos em mulheres destravamos potenciais de liderança e aumentamos as possibilidades de transformação positiva e sustentável.”
Novos espaços para projetar voz e identidade
Flávia conta que, além do autoconhecimento, um dos reflexos da vivência no ‘Columbia Women’s Leadership’ foi a aprovação no programa ‘Obama Foundation Scholars’, da ‘Fundação Obama’, e que as suas chances ficaram maiores considerando o impacto positivo que já causava no desenvolvimento sustentável de sua comunidade. “Para me inscrever eu precisei mostrar que já tinha impactado positivamente o lugar em que eu vivia, o que só reforçou o objetivo do programa da ‘Fundação Obama’ – que é inspirar, conectar e empoderar líderes que já têm um impacto comprovado em suas próprias comunidades e que desejam ampliar o resultado desse trabalho”, relembra, acrescentando que a semente, que possibilitou a entrada na Fundação, começou a ser plantada no programa ‘Columbia Women’s Leadership’.
Ela compartilha que a oportunidade na ‘Fundação Obama’ foi única para digerir e transmitir conhecimento. “Aprendi com colegas de diferentes países, um grupo que vive contextos tão ou mais desafiadores do que eu, e reuni conhecimentos para trazer para as redes das quais faço parte no Brasil, como a rede de mulheres da Columbia”, conta, complementando que foi uma experiência rica. “Garantiu muito crescimento em habilidades de liderança e de entendimento sobre a importância de saber contar histórias, e de conectar a história pessoal com a profissional. Também foi uma honra conhecer o Presidente Obama e participar do ‘1º Fórum da Democracia da Fundação Obama’”, comemora.
Ao refletir sobre como as passagens pelos dois programas impactaram a sua vida pessoal e profissional, Flávia avalia
que as iniciativas trouxeram uma compreensão maior de si mesma e do que ela pode fazer. “Os dois programas fizeram eu me reconhecer e me mostraram que eu já era uma líder, o que contribuiu para fortalecer a minha autoestima como uma liderança que pode ter um impacto global”, afirma, complementando que as duas experiências foram empoderadoras e que a estimularam a continuar acreditando em redes.
“Hoje também sou parte da rede do (programa) ‘Dalai Lama Fellowship’ – uma iniciativa criada em parceria com três universidades estadunidenses e que segue um currículo no modelo Head, Heart, and Hands (Cabeça, Coração e
Mãos, em português), o que quer dizer que há uma crença no alinhamento dessas dimensões do nosso ser como algo
importante para desempenhar um trabalho de impacto social que seja sustentável”, compartilha, acrescentando que as três redes combinadas expandiram seus horizontes.