Coordenadora de projetos do Programa Educativo da Casa da Cultura de Paraty
Paraty, RJ
Projeto relacionado: Orquestra Pequenina Calixto
O acesso à cultura desde a infância traz uma série de benefícios. Facilidade de interpretação, pensamento crítico,
desenvolvimento criativo e cognitivo são algumas dessas vantagens que, segunda a ciência, uma pessoa pode adquirir quando conectada a algum tipo de arte ainda criança. Pensando nisso, não é incomum encontrar pessoas que mobilizam iniciativas para que a cultura chegue em crianças e adolescentes, sobretudo os que têm menos oportunidades sociais. Em Paraty (RJ), Luara Almeida se mostra uma dessas pessoas. Natural da cidade, ela é de família caiçara e foi criada em um bairro paratiense chamado ‘Ilha das Cobras’. Hoje formada em magistério, foi aluna da ‘Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Pequenina Calixto’ e se considera “fruto de projetos sociais”. Seguindo um caminho que possa beneficiar outras pessoas que são frutos de realidades semelhantes, Luara trabalha na ‘Casa da Cultura de Paraty’ e lá realiza vários cursos e iniciativas que envolvem cultura e arte – o que inclui fotografia e piano.
Apesar de não ter se tornado musicista, pelo menos não até agora, a professora de formação desenvolveu paixão
pela produção cultural conectada à educação. Por isso, atualmente é coordenadora de projetos tais quais aqueles
que participou quando cursava o ensino fundamental. Um deles é o ‘Orquestra Pequenina Calixto’, iniciativa
que busca justamente o que Luara acredita, ou seja, a “democratização do acesso à cultura de jovens paratienses”.
Com a disponibilização de instrumentos específicos, como violino, viola e violoncelo, e o ensino de teoria de música, o projeto fomenta o desenvolvimento de talentos e procura “dar protagonismo ao jovem para que ele se sinta pertencente à vida cultural”, afirma Luara.
Além disso, a iniciativa lida de frente com um dos principais desafios do ensino público em Paraty, o baixo desempenho e a evasão escolar. No entanto, Luara acredita que ter um projeto cultural em uma escola pública faz com que o aluno tenha mais interesse pelas atividades culturais e estimula a continuidade dos estudos.
Nessa direção, no ano de 2021, 22 alunos (as) iniciaram e concluíram o ano escolar à medida que participaram
ativamente da orquestra. Luara, que foi aluna da escola ‘Pequenina Calixto’ enquanto o humanize estava em seu
primeiro ciclo, acompanhou o avanço do projeto e terminou o ciclo caminhando para um 2022 como coordenadora da orquestra. Também foi em 2022 que o projeto passou a ser tocado pela ‘Casa da Cultura de Paraty’.
Uma orquestra bem ensaiada
No passado aluna e hoje coordenadora, Luara conta que os (as) jovens participantes do projeto são de várias regiões de Paraty. A escola recebe alunos (as) de lugares como centro, região costeira e zona rural. Cada um (a) chega com uma realidade diferente e, muitas vezes, enfrentando uma série de desafios para frequentar as aulas. “A maioria dos alunos nunca havia pegado em um instrumento, mas agora a orquestra já possui cerca de seis obras prontas”, orgulha-se Luara, celebrando a dedicação e a superação de alunos – o que resultou em uma adaptação da turma a um universo antes desconhecido e, agora, cheio de possibilidades.